O Lar Santa Terezinha do Menino Jesus na Providência de Deus, localizado na zona rural de Presidente Prudente, no interior de São Paulo é uma comunidade terapêutica gratuita para recuperação de adolescentes e adultas do sexo feminino dependentes de álcool e drogas.

A comunidade foi criada em agosto de 2010 para acolher e tratar os dependentes químicos, ajudando-os a recuperarem a dignidade e a cidadania roubada pela droga. No local, são atendidas pessoas de qualquer segmento da população, sem distinção de raça, cor, condição social, credo político ou religioso das pessoas atendidas.

A internação de adolescentes e adultas do sexo feminino para desintoxicação é um trabalho pioneiro e bastante complexo. As dependentes chegam à comunidade com autoestima muito baixa, forte crise de identidade, vínculos familiares rompidos, pouca ou nenhuma noção de disciplina e higiene e falta de perspectiva para o futuro. A degradação atingida pelo vício é muito intensa para as mulheres, que muitas vezes se prostituem para alimentar a dependência.

Os pacientes chegam à comunidade com a estrutura psíquica bastante comprometida.  O corpo também está debilitado pelo uso contínuo dos entorpecentes. A higiene pessoal e a alimentação precisam ser acompanhadas durante o início do tratamento.

O tratamento é composto por quatro ciclos; cada ciclo é de quatro a cinco semanas. O trabalho é desenvolvido por uma equipe técnica multidisciplinar, formada por psiquiatra, psicólogo, assistente social, educador físico e monitores.

Além da dimensão física e psíquica, o tratamento contempla a dimensão espiritual, para que o paciente redescubra a sua fé, com a presença de religiosos.

A comunidade é organizada de forma que toda a rotina do paciente tenha uma finalidade terapêutica: a acolhida dos funcionários, o convívio com eles e outros internos nos momentos de refeição e trabalho, por exemplo, são essenciais para restabelecer o convívio social rompido pela dependência. O tratamento permite que o paciente construa um conjunto de possibilidades a serem exploradas, de modo que ele crie vínculos e tenha chances de expressar-se. As ações terapêuticas o ajudam a resgatar o sentido necessário à construção e ou reconstrução de sua identidade histórica.

No período, elas realizam atividades laborais, além de executarem pequenos trabalhos domésticos (limpeza e organização dos dormitórios e da casa em geral, horta, jardinagem e culinária). Todas as atividades ajudam as internas no processo de recuperação.

A família das pacientes também é acompanhada pela equipe. Quando a dependente química adoece, a família adoece junto (co-dependência). Para o sucesso da recuperação da paciente e sua reinserção na sociedade, é indispensável que a família esteja preparada para recebê-la. Os atendimentos são pessoalmente e por telefone. A partir do segundo ciclo, as pacientes passam um final de semana por mês em casa para o processo de ressocialização. Todas as dificuldades enfrentadas por elas são trabalhadas na volta da internação, para assim prepará-la a enfrentar os problemas do dia a dia.

A cada encerramento de ciclo, os pacientes retornam a seus lares. O tempo é necessário para que se renovem, aos poucos, os laços familiares, geralmente rompidos pela dependência química. Durante a internação do paciente, sua família também é acompanhada pela equipe.  Não só o usuário é vítima da doença dependência; quem está próximo a ele também precisa de tratamento. O apoio permite que as relações quebradas se restabeleçam, para que o paciente, no fim de sua caminhada, encontre um ambiente diferente daquele que deixou o que certamente vai estimulá-lo a manter-se afastado da droga.

Para ser acolhida, é preciso primeiro passar em um dos quatro Ambulatórios de Álcool e Outras Drogas mantidos pela Associação para avaliação e diagnóstico. Se o caso for para internação, o paciente será encaminhado para uma das nove casas de recuperação da entidade, de acordo com a disponibilidade de vagas.