E nós, franciscanos na providência de Deus, somos chamados a pensar… o que aprendo, a cada dia, com São Francisco? O que nos encanta?
Muitas seriam as respostas, diante de uma vida de rara beleza. Mas hoje penso na famosa Oração de São Francisco, que não foi escrita por ele, mas inspirada nele… A beleza da oração, a beleza da vida de Francisco de Assis, está escondida na fórmula “que eu leve”. Assim mesmo, em primeira pessoa. Para ser instrumento de paz, ele levou amor onde havia ódio. Ele levou perdão onde havia ofensa; levou união onde havia discórdia e fé onde existia dúvida.
Tudo muda, ou menos mudou para mim, ao rezar esta oração “ao contrário”. Para ser instrumento de paz, para levar amor, perdão, união e fé, eu preciso então andar nas margens da existência, nas periferias sociais e também existenciais; preciso enfrentar com coragem as guerras que habitam em mim e que tomam corpo ao meu redor. Eu, cristã; eu, devota de São Francisco; eu só serei instrumento de paz quando frequentar os ambientes de guerra; só levarei o amor quando não temer enfrentar o ódio; só semearei a fé quando não fugir das dúvidas. Trata-se, na verdade, de ir ao encontro dos conflitos, assim como Francisco foi ao encontro do leproso, dos sarracenos, da própria morte. Trata-se de compreender, enfim, que o meu lugar é onde precisam de mim.
Que eu leve, que eu enfrente, que eu ame, que eu semeie, que eu pacifique, que eu dê a mão… O movimento iniciado por São Francisco de Assis é tão vivo e tão forte porque faz de cada um de nós responsáveis uns pelos outros. Somos afinal, criaturas. Irmãos.
Que eu cuide
Este movimento encontrou morada há 31 anos no coração de um jovem padre, que queria repetir o abraço de São Francisco no leproso de hoje. Com essa inspiração, Frei Francisco Belotti fundou em 4 de outubro de 1985 a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus. Hoje são mais de 60 unidades de saúde e assistência à serviço da vida, espalhadas pelo Brasil e também no Haiti.
Dentre tantas coisas que Frei Francisco nos ensina todos os dias, com palavras e obras, está a insistência em nos mostrar que “quem ama mais dá o primeiro passo.” Trinta e um ano depois, também nós somos convidados a ir pelo mundo, em passos de amor, semear a paz, o cuidado, e o bem.