Ao acordar todos os dias pela manhã me deparo com a rotina de trabalhar no ambiente hospitalar. Lidamos com pessoas, pacientes, familiares de pacientes e esta ação é  estressante por estarmos lidando com vidas.

Para gerenciar pessoas e conflitos é preciso ter dom e estar preparado. As pessoas vivem o ciclo da insatisfação. Escolhem profissões erroneamente e depois querem responsabilizar terceiros com suas escolhas frustradas, gerando maus atendimentos, falta de cordialidade, estresse, falas grosseiras e conflitos entre colegas de trabalho, fazendo com que os gestores precisem a todo o momento sentar com estas pessoas para mediar os conflitos causados pelos mesmos.

Os conflitos citados não acontecem somente nos hospitais, mas em todas as empresas, porque onde existem duas ou mais pessoas  sempre haverá conflitos e divergência de ideias.  De onde vêm os conflitos?  Eles “brotam” do nosso cérebro e o cérebro sou eu. Viver em nós tornou-se um dilema. Não nos conhecemos, não sabemos quem somos, gerenciamos mal a vida interior e consequência disso é o “atrofiamento cerebral”.

Nosso cérebro é muito inteligênte e possuí  varias funções.  Os conflitos que nós geramos o cérebro tem capacidades cognitivas e de raciocínio lógico de resolver os problemas pessoais. Problemas pequenos e insignificantes tornam-se grandes, porque a capacidade de gerenciamento das emoções se encontram numa espécie de entorpecimento emocional,  “anestesia cerebral", na qual o cérebro fica impossibilitado de desenvolver habilidades de raciocínio para cessar o sofrimento e o estresse causados pela rotina, e assim, a vida profissional e pessoal se torna um ciclo chamado de  “pensamentos emaranhados” levando as pessoas a terem impulsos grosseiros, pensamentos e atitudes confusas, desordens de comportamentos, ficando susceptível ao estresse desenvolvendo atitudes como:  instabilidade da equipe, falta de educação com os clientes  gerando problemas para o gestor resolver. Sim, o gestor é aquele que resolve problemas e por isso precisa estar bem preparado para lidar com todas as insatisfações de sua equipe.

Precisamos colocar o mundo no mudo para ouvir nosso coração. Acredito que chegamos numa situação em que o ser humano tem regredido; é nítido perceber certos tipos de condutas dentro das organizações, é como se o mundo precisasse dela e não ela do mundo. Não são verdadeiras com elas mesmas criando doenças inexistentes, buscando afastamento sem uma justificativa plausível, criando situações de desconforto, mentiras, desonestidade e culpabilizando os gerentes pelas suas insatisfações e escolhas erradas.    É preciso reavaliar nossas condutas. O ser humano tem a capacidade de readaptar seu cérebro em qualquer estágio que se encontra na vida, a não ser que ele possui mal de Alzheimer  que é uma diminuição de dopamina levando ação neuro degenerativa perdendo a memória recente e promovendo perdas cognitivas.

Sendo assim, precisamos repensar nossa história e nossas escolhas e reprogramar nosso cérebro para que possamos nos tornar seres humanos motivados capazes de reavaliar nossos comportamentos.

Quando fazemos exercício físico perdemos peso, "remodelamos" nosso corpo, deixamos do jeito que queremos motivados pelo corpo “perfeito” ou busca pela estética ou pela saúde. Nosso corpo a partir de exercícios repetitivos e uma boa alimentação tem a capacidade de modificar o “físico”. Ao citar este exemplo quero dizer que nosso cérebro também pode modificar, adaptar se a “novas” realidades ou realidades em que nos encontramos não precisa ser novas experiências, gerencia-lo para que vivermos em harmonia no ambiente organizacional.   

O primeiro passo para estimular nosso cérebro é estar “só”. No mundo em que nos encontramos, estamos cercados de múltiplas atividades que nos impedem de estarmos com nós mesmos. Isso é uma situação fatal que leva o ser humano a degradação cerebral. O estar “só” proporciona uma reflexão interna de autoavaliação que não conseguimos fazer rodeados de pessoas, no ambiente de trabalho, no final da tarde quando estamos em família. Mesmo que não gostemos dessa prática da solidão “estar em si”, não é uma opção e sim uma necessidade se quisermos nos conhecer interiormente,  e para isso podemos optar por lugares arejados, caminhar no parque, sendo este um momento propício para avaliar nosso modo de ser e agir neste mundo.

Quando paramos para pensar, estamos estimulando nosso cérebro a passar pelo processo de consciência, onde a pessoa inicia o processo de perceber-se. É incrível e notório o quanto as pessoas começam a analisar suas vidas e mudar o percurso de seus comportamentos. Precisamos urgente “perceber-se” para que nossas ações passem pela consciência evitando emoções que geram reações desastrosas.

Quando nossas atitudes passam ao nível da conciência antes de   tomarmos decisões, geramos em nós um amadurecimento pessoal pensando mais e agindo com maturidade. Quando perdemos nossa razão pelo fato de não conseguirmos gerenciar o comportamento denigrindo a imagem dos colegas de trabalho, causando grandes conflitos, perdemos muitas oportunidades dentro da empresa porque somos avaliados a todo momento  e perdemos grandes oportunidades também no mercado de trabalho quando deixamos que a emoção seja o eixo central da nossa vida. A emoção negativa é aquela que estimula nosso cérebro a acomodar-se a trabalhar mediante estresse sob o domínio das emoções, e esta não é a melhor forma de gerenciar nosso ser em qualquer ambiente que estamos ou frequentamos.

O mercado está competitivo e há uma inversão nesse contexto todo, porque temos ótimos técnicos, mas péssimos gestores de si e gestores de conflitos. A técnica é fundamental, mas o caráter é essencial, é a essência que faz o "ser" humano agradável e amante da vida e do trabalho que ESCOLHEU. Pense em você! Pare! Reflita! Conheça te a ti mesmo e saberás o potencial que existe em você.  

Abraços Fraternos!

Frei Mariano Freitas - fndp

Farmacêutico e Bioquímico