Era por volta das dez da manhã o
Sol já estava escaldante, era o tempo seco, acho que batia um pouco com aquela
aridez que estava sentindo em minha pobre alma, peguei o meu cântaro e fui ao encontro
cotidiano em busca de água no poço de nosso Pai Jacó, como era de costume. Sai
de casa com os cântaro nas mãos, mas aquele caminho estava diferente algo me estranhava,
a alma, o coração estava agitado, a meus pensamentos iam e voltavam, até pensei:
acho que o Sol está tão forte que atordoou minhas ideias, recoloquei o meu
manto sobre a cabeça pensando que ao menos amenizasse.
Parecia
que a estrada estava mais deserta como nunca, e cada vez que eu olhava aquele
chão algo me dirigia, me convida a olhar para o chão da minha existência que
estava tão seco como aquele, estava num verdadeiro confronto comigo mesmo, mas
cada passo que eu dava algo mudava um desejo de chegar aquele poço, e não era
cansaço do caminho e nem do peso do cântaro pois fazia esse percurso a anos,
mas era algo diferente, não sei me aquietei e continuei passo a passo.
Quando
vi o poço de longe vi algo diferente daquilo que estava acostumada ver, me
parecia que alguém estava sentado à beira do poço, algo estranho, tomei
fortemente o cântaro nas mão pois era a única segurança que eu tinha, embora
estava vazio tanto quanto eu. Caminhei mas com a cabeça baixa cobri meu rosto
para o desconhecido, pensando fazendo isso ele sairá e me deixará pegar a água
que eu vinha buscar.
Quando
me aproximei toquei no poço do outro lado a onde Ele não estava, e percebia que
Ele me fixavas os olhos, e isso me desconcertava. Quando Ele irrompe o silencio
e Diz: Dá-me de Beber. Ao ouvir isso percebi que era Judeu,
automaticamente me revesti de um fechamento, de uma autodefesa, me senti
ofendida, e não tive outra reação ao responder: Como é que tu, sendo judeu, pedes
de beber a mim, que sou samaritana? Minhas mãos estavam tremulas, nunca tinha
passado algo semelhante, estava cansada e ainda me pedes de beber.
Ele
não se afastou mas me respondeu algo que ainda hoje grita em minha alma: Se você conhecesse o dom de Deus, e quem
lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.
» Assim não tinha escapatória esse dialogo precisava ser encerrado eu precisava
pegar a Água e voltar, respondi com voz forte:
«Senhor, não tens um balde, e o poço é fundo. De onde vais tirar a água
viva? Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu
este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e animais!
Ai
Ele me olhou com um olhar amoroso que nunca tinha visto, e me disse Sorrindo: Quem
bebe desta água vai ter sede de novo. Mas aquele que beber a água que eu vou
dar, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro
dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.
Algo
estranho aconteceu ao ouvir essas palavras não tive outra reação, estava
completamente envolvida por um estado de graça, sentia a presença do Altíssimo,
não podia mais perder a chance que Ele estava me dando, me ajoelhei e disse: Senhor,
dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para
tirar.
Ainda estava de
Joelhos ele me pegou nas mãos me olhou era necessário que me ajudasse, que mexesse
nas minhas estruturas que me esvaziavam, e me disse:: «Vá chamar o seu marido e volte
aqui.» Quando ouvi isso as lagrimas correram
rapidamente eu respondi mesmo sem pensar: «Eu não tenho marido.»
Ele me disse: «Você
tem razão ao dizer que não tem marido. De fato, você teve cinco maridos. E o
homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade.
Meu chão toda
minha vida desabou, realmente era preciso tomar a decisão, assumir uma nova
condição de vida, aproveitei assumi diante dele todas minha pequenez e
proclamei: «Senhor, vejo que és profeta!
Ele me olhou
perguntou o meu nome: Eu disse: Hora sou Maria, Sou João, sou o Ser Humano
que precisas da água viva. Ele disse pra mim: Não importa, eu sou Jesus o teu
Senhor eu te conheço estou contigo tú es meu.
Daquele dia em
diante nunca mais fui a mesma, a maneira que fui amada, transformou toda minha
vida, não tive medo fui anunciar que tinha encontrado alguém que tinha me amado
de forma sagrada, sem me condenar, mas com verdade e que tinha me dado a
oportunidade de recomeçar, bendito seja aquele poço, aquele cântaro, que me
levaram a viver ao meio dia a experiência que me marcaria pro resto da minha
vida.
( Partilha da
Samaritana)
Com
fraternidade
Frei Joel
Souza, fnpd