Saímos e
pegamos a longa estrada, a mesma que um dia, tinha nos trago até Ele o Senhor,
não sei o que doía mais, lembrar daquela cruz ou ver tamanha covardia nossa de
fugir, mas uma tristeza dilacerante nos levava, a deixar tudo o que tínhamos vividos
com Ele. Íamos em silêncio umas horas da longa estrada, olhava o chão árido e
percebia que assim estava nossa alma, nossa vida. E também rompíamos o silêncio
entre nós e falávamos de tudo que tinha acontecido, e a tristeza alimentava em
nossa alma, os olhos se enchiam de lagrimas.
Foi
quando a beira do caminho, um novo caminhante se aproximou de nós, e começou a
caminhar conosco, nós olhamos um para o outro, eu pensei lá vem mais um
infeliz, que caminha por um caminho sem luz, da incerteza, da covardia do
medo. Foi quando esse caminhante nos perguntou:
O que ides conversando pelo caminho? Foi quando eu disse: Tu és o único que não
sabe o que aconteceu com Jesus Nazareno, ele que curou tantos, que anunciou o novo reino e nos falou do Pai, nossos Sumos
sacerdotes o entregaram por ser filho de Deus, e Ele foi morto, em uma cruz.
Sabemos que as mulheres de nosso grupo falaram, que Ele não estava no tumulo,
mas com certeza isso foi só uma imaginação, pois todas estavam sofrendo, como
nós, pois diante da dor da perda cada um manifesta o sofrimento de uma forma pessoal.
Após ouvir
isso o caminheiro nos disse, lembrando as escrituras, que era necessário, que Ele passasse por isso, para salvar a todos, eu pensava no meu intimo, estamos tão
triste e esse se aproxima e ainda fica querendo nos ensinar as escrituras. Mas me
mantinha em Silêncio, embora aquelas cenas não saia um estante de minha mente.
Percebi que tínhamos chegado ao vilarejo, o caminheiro quis passar adiante, foi
quando meu irmão disse: Fica conosco já é tarde, a noite já vem. O acolhemos
pois sabíamos que esse homem era outro que estava a caminho, estava buscando
sentido da vida como nós.
Ao
chegar em casa, ainda cansados do caminho, cansado de tudo que vivemos ao longo
desse caminho, que cada passo, parecia uma eternidade, depois de lavarmos
nossas mãos e nossos pês, fomos a mesa, chamamos o caminheiro para fazer
refeição conosco.
Foi
quando em silêncio, se sentou à mesa conosco, tomou o pão, abençoou-o, e
começou a distribuir, partilhar conosco. Foi como se uma luz invadisse a nossa
alma e o nosso coração, nossos olhos se abriram, caíram as escamas da tristeza
que nos impedia de reconhecer Ele. Eu olhei ao meu irmão, eu o vi em lagrimas
com esplendor e o rosto de alegria, quando nós olhamos ao lado da mesa, Ele já
não estava mais entre nós, mas não era necessário mais, pois aprendemos que Ele
já estava em Nós, pois no coração quem tem partilha a morte não existe, pois
não tem renuncia nem sofrimento, mas tem oblação a entrega é livre pois é por
amor. Meu irmão me disse não ardia teu coração quando Ele nos falava a escritura, Ele nunca nos abandonou, mas no partir do pão, o mesmo que o levou a dar a vida, nos mostrou sua presença, nos convidando a fazer o mesmo, pois só o seguiremos de verdade se não fugirmos, mas se nos doarmos por amor.
Não esperamos voltamos
correndo, vencemos a velha tentação de voltar na vida que um dia já tinha nos
feito infeliz, pois por isso o conhecemos e o seguimos para ter um sentido
novo. Fomos aos nossos irmão e confirmamos que realmente a Cruz não tinha sido
um fim, mas um recomeço, pois aquele que é o Senhor, é e sempre será. E que também
todos nós podemos partilhar o pão de nossa vida, com tantos caminhantes que
como nós, estão sem brilho nos olhos de forma entristecida, reclamando da
vida, , que possamos ajudar a encontrar o grande sinal de um verdadeiro discípulo,
que é ter um coração abrasado de amor, porque reconheceu o Senhor, no
quotidiano na caminhada da vida.
Fraterno abraço.
Frei Joel Souza, fnpd