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19/04/2017
Amizades que não se perdem
Emaús de cada dia
 Já era tarde saímos correndo, quando o vimos ser preso, e depois o vimos naquele madeiro olhamos um para o outro, e dissemos: O que faremos? Ele não conseguiu sair dessa, foi quando ouvi, meu irmão dizer: Vamos embora antes que também morremos.

               Saímos e pegamos a longa estrada, a mesma que um dia, tinha nos trago até Ele o Senhor, não sei o que doía mais, lembrar daquela cruz ou ver tamanha covardia nossa de fugir, mas uma tristeza dilacerante nos levava, a deixar tudo o que tínhamos vividos com Ele. Íamos em silêncio umas horas da longa estrada, olhava o chão árido e percebia que assim estava nossa alma, nossa vida. E também rompíamos o silêncio entre nós e falávamos de tudo que tinha acontecido, e a tristeza alimentava em nossa alma, os olhos se enchiam de lagrimas.

               Foi quando a beira do caminho, um novo caminhante se aproximou de nós, e começou a caminhar conosco, nós olhamos um para o outro, eu pensei lá vem mais um infeliz, que caminha por um caminho sem luz, da incerteza, da covardia do medo.  Foi quando esse caminhante nos perguntou: O que ides conversando pelo caminho? Foi quando eu disse: Tu és o único que não sabe o que aconteceu com Jesus Nazareno, ele que curou tantos, que anunciou o novo reino e nos falou do Pai, nossos Sumos sacerdotes o entregaram por ser filho de Deus, e Ele foi morto, em uma cruz. Sabemos que as mulheres de nosso grupo falaram, que Ele não estava no tumulo, mas com certeza isso foi só uma imaginação, pois todas estavam sofrendo, como nós, pois diante da dor da perda cada um manifesta o sofrimento de uma forma pessoal.

               Após ouvir isso o caminheiro nos disse, lembrando as escrituras, que era necessário, que Ele passasse por isso, para salvar a todos, eu pensava no meu intimo, estamos tão triste e esse se aproxima e ainda fica querendo nos ensinar as escrituras. Mas me mantinha em Silêncio, embora aquelas cenas não saia um estante de minha mente. Percebi que tínhamos chegado ao vilarejo, o caminheiro quis passar adiante, foi quando meu irmão disse: Fica conosco já é tarde, a noite já vem. O acolhemos pois sabíamos que esse homem era outro que estava a caminho, estava buscando sentido da vida como nós.

               Ao chegar em casa, ainda cansados do caminho, cansado de tudo que vivemos ao longo desse caminho, que cada passo, parecia uma eternidade, depois de lavarmos nossas mãos e nossos pês, fomos a mesa, chamamos o caminheiro para fazer refeição conosco.

               Foi quando em silêncio, se sentou à mesa conosco, tomou o pão, abençoou-o, e começou a distribuir, partilhar conosco. Foi como se uma luz invadisse a nossa alma e o nosso coração, nossos olhos se abriram, caíram as escamas da tristeza que nos impedia de reconhecer Ele. Eu olhei ao meu irmão, eu o vi em lagrimas com esplendor e o rosto de alegria, quando nós olhamos ao lado da mesa, Ele já não estava mais entre nós, mas não era necessário mais, pois aprendemos que Ele já estava em Nós, pois no coração quem tem partilha a morte não existe, pois não tem renuncia nem sofrimento, mas tem oblação a entrega é livre pois é por amor. Meu irmão me disse não ardia teu coração quando Ele nos falava a escritura, Ele nunca nos abandonou, mas no partir do pão, o mesmo que o levou a dar a vida, nos mostrou sua presença, nos convidando a fazer o mesmo, pois só o seguiremos de verdade se não fugirmos, mas se nos doarmos por amor.

               Não esperamos voltamos correndo, vencemos a velha tentação de voltar na vida que um dia já tinha nos feito infeliz, pois por isso o conhecemos e o seguimos para ter um sentido novo. Fomos aos nossos irmão e confirmamos que realmente a Cruz não tinha sido um fim, mas um recomeço, pois aquele que é o Senhor, é e sempre será. E que também todos nós podemos partilhar o pão de nossa vida, com tantos caminhantes que como nós, estão sem brilho nos olhos de forma entristecida, reclamando da vida, , que possamos ajudar a encontrar o grande sinal de um verdadeiro discípulo, que é ter um coração abrasado de amor, porque reconheceu o Senhor, no quotidiano na caminhada da vida.

Fraterno abraço.

Frei Joel Souza, fnpd

              

              

 

 

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