Com o domingo de Ramos e da
paixão do Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a segunda
leituras, a ideia inicial a se ter presente é que Jesus é o servo obediente de
Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a vida de Jesus é
movida pela escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de toda a sua vida;
escuta que fez com que ele não esmorecesse diante da traição, do sofrimento e
da morte.
A segunda consideração nos vem do
relato da paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida
e a fé. Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram,
pois negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com
o Senhor que eles diziam amar.
Noutro evangelho, Pedro,
porta-voz do grupo dos discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a
vida eterna, lhes fazia experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68).
Mas naquele momento de dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a
Palavra encarnada do Pai. É do interior do próprio grupo dos discípulos que se
dá a traição. Que dor pode ser maior que a traição e o abandono? A espada mais
cortante do que a que feriu a orelha do servo do centurião é a traição, pois
essa atinge a confiança, o coração.
Uma terceira consideração é que
Jesus é o inocente condenado injustamente à morte. A inveja é o motivo da
condenação e morte de Jesus. A inveja não é racional; como toda paixão que
afeta o coração do ser humano, ela é irracional. Dominado pela inveja, o ser
humano age perversamente buscando eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o
evangelho, sabia da inocência de Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi
entregue, mas por razões políticas a sua decisão partilhou da injustiça dos que
acusavam e entregaram Jesus à morte.
Na paixão, Jesus permanece
praticamente calado. O silêncio do Senhor denuncia a maldade daqueles que o
condenam à morte. O silêncio de Jesus revela também a sua compreensão de que no
desfecho dramático da sua existência terrena se realiza o desígnio de Deus. O
silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do Pai.
Jesus sofre, se angustia, mas nem
uma coisa nem outra o faz desistir de realizar a vontade de Deus. Ao contrário,
do alto da cruz, ele faz a sua entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu
entrego o meu espírito”.
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a descobrir, na
morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti
e ao teu Reino.